Arrendamento ultrapassa procura de casas
"Stock' de habitação deverá ser todo esgotado em dois anos", diz presidente da APEMIP
A procura por arrendamento ultrapassou a pesquisa para compra de casas nos distritos de Lisboa e do Porto, segundo o mais recente catálogo de estudos da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP).
O relatório com base em dados do portal Casa YES e referente ao primeiro semestre de 2013, mostrou que no distrito de Lisboa a procura por arrendamento se fixou nos 52,5%, enquanto no Porto o valor foi de 51,4%. Com percentagens elevadas estavam ainda os distritos de Setúbal (39,4%), Coimbra (38,6%), Aveiro (38,3%), a Região Autónoma dos Açores (37%) e Braga (36%).
As intenções médias de procura de imóvel por arrendamento aproximaram-se dos 45%.Com mais pesquisas por compra estão os distritos de Bragança (77,7%), Portalegre (71,4%), Viana do Castelo (71,1%) e Guarda (70,3%).Depois de quase um ano de aplicação da nova lei do arrendamento, o presidente da APEMIP considerou que "infelizmente" o aumento da procura não se deve ao quadro legal, mas à "dificuldade das famílias de não acesso ao crédito [bancário]".
Em declarações à Lusa, Luís Lima anteviu que o arrendamento nas "próximas gerações, e sobretudo nos próximos dez anos, vai ser o futuro".Os dados mostram que essa procura é maior nos valores de renda mais baixos, com o responsável a indicar que por "cada cem pessoas que arrendam casa, quase 50% dizem que as rendas estão acima daquilo que podiam pagar".Na procura de um T1 em Lisboa e no Porto pretende-se pagar entre 300 e 350 euros, mas conseguir uma casa com o "mínimo de condições de habitabilidade é quase impossível" com este preço, disse."As famílias têm muita dificuldade em poder pagar uma renda dentro daquilo que os proprietários consideram aceitável", resumiu o responsável, recordando que a carga fiscal sobre o património está a deixar os proprietários sem "grande margem de manobra".
Até ao final do mês, a APEMIP deve apresentar um estudo que mostra que "dentro dos próximos dois a três anos o 'stock' de habitação deverá ser todo esgotado". "Com o nível de vendas, mesmo fracas, e com o nível de construção - em 2000 construíam-se 110 mil casas por ano e este ano nem a nove mil devem chegar -, vamos ter um paradigma diferente", avançou. "Nós vamos mantendo as mesmas vendas, diminuindo o cliente final: em vez de ser o que habita a própria casa, são pequenos investidores para colocarem as casas no mercado de arrendamento", disse Luís Lima, defendendo que o Governo e os bancos devem colocar mais casas no mercado de arrendamento. Se houvesse mais 50 ou 60 mil casas disponíveis, disse o responsável, poderia haver equilíbrio entre a oferta e a procura, ao permitir a diminuição de preços.
- Fonte: http://aeiou.bpiexpressoimobiliario.pt/arrendamento-ultrapassa-procura-de-casas=f126529